Curraletas de videiras nos Biscoitos, em época de Inverno.

O nome desta localidade é simultaneamente o nome dado nos Açores a duas entidades diferentes, sendo que uma delas se refere a uma massa doce tradicional feita com especiarias, e à outra à terra queimada, nascida dos vulcões (basalto preto). Neste caso os Biscoitos são terrenos formados pelas lavas provenientes de erupções vulcânicas.

Trata-se de uma zona de importante tradição vinícola justamente por a terra queimada ser pobre e pouco mais dar do que vinha que ainda assim tem de ser protegida das intempéries por curraletas feitos com a própria pedra de basalto, exemplo da luta dos homens contra os elementos.

O vinho Verdelho aqui produzido é de excelente qualidade e com grande tradição, já era consumido nas naus nos tempos dos descobrimentos portugueses pois era um produto que se aguentava bem no mar.

A altura em que se iniciou o cultivo da vinha nos Biscoitos é desconhecida, sendo, no entanto, de presumir que se tenha iniciado juntamente com o cultivo do trigo e outros produtos indispensáveis ao sustento dos povoadores. A cepa da casta da uva verdelho aparece como a mais antiga. Em tempos passado o vinho foi de tal abundância que na freguesia, em 1649, chegou-se a trocar uma pipa de vinho por cinco cavalas e um tostão. Devido à praga de Filoxera que atacou a cultura no século XIX, esta entrou em forte declínio e só voltou a recuperar-se por volta de 1870 com a introdução de novas castas resistentes a doença e que depois foram de novo enxertadas.

Tendo sido elevada a freguesia em 1556, possui duas igrejas e várias ermidas. Aqui se situa um Museu do Vinho, fundado em 1990 pela Casa Agrícola Brum, de Francisco Maria Brum, onde é possível apreciar um vasto conjunto de instrumento relacionados com a vindima, fotografias e documentos históricos também referentes ao vinho e à vindima.

É neste museu e casa que está instalado a sede da Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos, criada em 1993.

Eram terras incultas que Francisco Maria Brum converteu em fontes de riqueza graças à vitoriosa jornada de vitalização e alargamento vinícola. O primeiro pé das novas uvas plantadas, já há mais de nove décadas o tempo destruiu existindo ainda o segundo pé de vinha no local chamado de Canada da Salga.

No entanto as restantes terras não afectadas pelos rios de lava são de grande fertilidade dada a sua origem em cinza vulcânica e abundância de águas.

Trata-se de uma das freguesias rurais mais importantes da ilha Terceira. É também, devido ao seu microclima um óptimo local de veraneio. É este microlima semelhante ao de fajã que a torna única na ilha Terceira podendo equiparar-se em certos aspectos com as fajãs da ilha de São Jorge. Junto ao mar existem piscinas naturais, localizadas entre formações rochosas com proveniência em erupções vulcânicas, algumas já em tempos históricos. A mais conhecida teve origem no vulcão que deu origem ao que é actualmente o Algar do Carvão no interior da ilha Terceira.

Junto à orla marítima da localidade existem fortes e trincheiras militares da datam do Século XVI e do Século XVII, resultantes do sistema defensivo da ilha Terceira contra os frequentes assaltos de piratas e corsários a que era sujeita.

Não há documentos que indiquem com exactidão uma data exacta para a fundação deste povoado, mas por tradição popular sabe-se que é uma das mais antigas da ilha e que foi elevada a freguesia já em Junho 1556após a morte de Pedro Anes do Canto.

Foi no passado foi pertença de duas famílias nobres: Os Cantos e Pamplonas, sendo esta última de origem espanhola que viera fugida para Portugal na altura da colonização desta Ilha.

No tempo de Pero Enes do Canto os Biscoitos eram sede de um morgadio e chamavam-se Biscoito Gordo por a sua terra ser muito fértil ou de Materramenta pois foi um homem desta alcunha o primeiro possuidor dela.

O padre José Alves da Silva, informou que ao contrário de quase todas as freguesias da Ilha Terceira, só os Biscoitos tinham 3 quilómetros de extensão entre as freguesias suas limítrofes, sendo no entanto certo que foi ainda menor esta extensão por volta de 1556, dado que a distância de cerca de 500 metros desde a Ribeira de Pamplona até ao lugar conhecido pela Cruz do Marco pertencia à Freguesia dos Altares.

No ano de 1673 o Bispo de Angra D. Frei Lourenço de Castro ordenou que os habitantes da localidade dos Altares que morassem além da Ribeira de Pamplona ficassem como habitantes dos Biscoitos. Pode também o pequeno cumprimento desta freguesia pelo facto de outrora ter sido a sua população toda aglomerada ao Sul. A antiga igreja ficava a 1500 metros a Sul da actual Igreja de São Pedro no local então denominado “As Igrejinhas”.